
Desvende as Siglas do Mercado Financeiro: Guia Completo para Ações, ETFs e Mais no Brasil!
Omar Martir
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Se você está começando a investir ou já se aventurou na Bolsa de Valores brasileira, certamente se deparou com um monte de siglas que mais parecem um idioma diferente. ETFs, BDRs, IPOs, FIIs, ADRs, ESG... A lista é grande e pode assustar! Mas não se preocupe: entender o significado por trás dessas abreviações é o primeiro passo para investir com confiança e inteligência no Brasil.
Neste artigo completo, vamos desvendar as siglas mais comuns do mercado financeiro nacional. Você vai aprender o que cada uma significa, como elas se encaixam no universo dos investimentos, suas origens, curiosidades e, o mais importante, o porquê dos números ao lado dos nomes dos ativos. Prepare-se para se tornar um investidor mais informado!
📚 As Siglas Essenciais das Ações e da Bolsa de Valores Brasileira: O Código por Trás do Nome
Quando falamos em ações na B3 (Bolsa de Valores do Brasil), algumas siglas são absolutamente fundamentais. Além de entender o que cada uma representa, é crucial compreender os códigos que as acompanham.
Ações (ON, PN, UNIT): As ações representam a menor parcela do capital social de uma empresa. No Brasil, as mais comuns são:
ON (Ordinárias): Dão direito a voto nas assembleias da empresa, geralmente na proporção de uma ação por voto. São ideais para quem busca participar das decisões da companhia ou tem interesse em tag along (mecanismo que protege acionistas minoritários em caso de venda do controle da empresa).
Curiosidade e Origem dos Números: As ações ON são identificadas pelo número 3 após o código da empresa. Por exemplo, PETR3 (Petrobras ON) ou VALE3 (Vale ON). Essa numeração segue uma padronização da B3 (antiga Bovespa) para facilitar a identificação e a negociação dos ativos. O "3" indica que se trata de uma ação ordinária.
PN (Preferenciais): Não dão direito a voto, mas possuem preferência no recebimento de dividendos (parte do lucro distribuído aos acionistas) e no reembolso de capital em caso de liquidação da empresa.
Curiosidade e Origem dos Números: As ações PN são identificadas pelo número 4 após o código da empresa. Por exemplo, ITUB4 (Itaú Unibanco PN) ou PETR4 (Petrobras PN). Assim como as ON, o "4" é um código padronizado pela B3 para indicar que a ação é preferencial. Existem também outros números para PN, como o 5 (Classe A), 6 (Classe B), 7 (Classe C) e 8 (Classe D), dependendo das características de preferência definidas pela empresa, mas 4 é o mais comum e líquido.
UNIT: São "pacotes" de ações, compostos por um conjunto de ações ordinárias e preferenciais da mesma empresa, negociados como um único ativo. A ideia é oferecer liquidez para ambos os tipos de ações de uma mesma companhia, agrupando-as.
Curiosidade e Origem dos Números: As UNITs são geralmente identificadas pelo número 11 após o código da empresa. Por exemplo, SANB11 (Santander UNIT) ou BTOW11 (Americanas UNIT). O número "11" é a padronização para indicar que se trata de um certificado de depósito de ações, ou seja, um pacote.
BDR (Brazilian Depositary Receipt): Um BDR permite que você invista em ações de empresas estrangeiras (como Google, Apple, Amazon) aqui no Brasil, sem precisar abrir conta em uma corretora internacional. Ele funciona como um "recibo" de ações que estão custodiadas lá fora.
Origem: Os BDRs foram criados para democratizar o acesso do investidor brasileiro a empresas globais. O conceito de depositary receipts surgiu nos Estados Unidos na década de 1920, com os ADRs, para facilitar o investimento em empresas europeias. Os BDRs são a versão brasileira desse conceito.
Curiosidade e Origem dos Números: Os BDRs são identificados pelo número 34 ou 35 após o código da empresa. Por exemplo, AAPL34 (Apple BDR) ou MGLU34 (Magazine Luiza BDR, se fosse negociada nos EUA via BDR). O "34" e "35" indicam que é um recibo de depósito lastreado em ações ou em outros BDRs.
IPO (Initial Public Offering): Sigla em inglês para "Oferta Pública Inicial". É o processo pelo qual uma empresa privada vende suas ações pela primeira vez ao público, tornando-se uma empresa de capital aberto e tendo seus papéis negociados na Bolsa de Valores.
Origem: O conceito de IPO remonta ao século XVII, com as primeiras bolsas de valores. A Companhia Holandesa das Índias Orientais é frequentemente citada como uma das primeiras a emitir ações ao público no início dos anos 1600. Modernamente, o termo se popularizou com a ascensão dos mercados de capitais globalizados.
OPP (Oferta Pública Primária): Refere-se à venda de novas ações emitidas por uma empresa para captar recursos diretamente. O dinheiro arrecadado vai para o caixa da companhia, sendo usado para expansão, pagamento de dívidas, etc.
OPS (Oferta Pública Secundária): É a venda de ações já existentes por acionistas atuais (fundadores, fundos de private equity, grandes investidores). O dinheiro arrecadado vai diretamente para esses acionistas, e não para o caixa da empresa.
ADR (American Depositary Receipt): Similar ao BDR, mas são recibos de ações de empresas estrangeiras (inclusive brasileiras) negociadas nas bolsas de valores dos Estados Unidos.
Origem: Como mencionado, os ADRs foram criados em 1927 pela JP Morgan para permitir que investidores americanos comprassem ações de empresas britânicas sem a necessidade de transferir os papéis fisicamente.
📊 Desvendando os ETFs: Versatilidade e Diversificação Instantânea na Bolsa
Os ETFs são um dos instrumentos de investimento que mais ganharam popularidade nos últimos anos por sua simplicidade e eficiência, especialmente para quem busca diversificação de forma acessível no mercado brasileiro.
ETF (Exchange Traded Fund): Conhecido como "fundo de índice", um ETF é um tipo de fundo de investimento que replica a performance de um índice de mercado (como o Ibovespa, S&P 500, ou índices setoriais). Ao investir em um ETF, você compra uma "cesta" de ações ou outros ativos, o que oferece diversificação instantânea com um custo geralmente baixo. São negociados na Bolsa de Valores como se fossem ações comuns.
Origem: O primeiro ETF foi lançado em 1990 no Canadá, com o Toronto 35 Index Participation Units (TIPs). Nos EUA, o SPDR S&P 500 (ticker SPY) foi lançado em 1993 e é hoje um dos ETFs mais negociados do mundo. Eles surgiram como uma alternativa mais barata e flexível aos fundos mútuos tradicionais.
Curiosidade e Origem dos Números: Os ETFs no Brasil são identificados pelo número 11 após o código do fundo, assim como as UNITs. Por exemplo, BOVA11 (ETF que replica o Ibovespa) ou IVVB11 (ETF que replica o S&P 500). O "11" novamente indica que é um tipo de "pacote" ou certificado de investimento.
💰 FIIs, Fiagros e Outros Fundos de Investimento: Diversificação em Segmentos Específicos
O mundo dos fundos de investimento também tem suas próprias siglas e códigos, facilitando a identificação do seu propósito e oferecendo diferentes formas de diversificar seus investimentos no Brasil.
FII (Fundo de Investimento Imobiliário): São fundos que investem em empreendimentos imobiliários, como shoppings, hospitais, galpões logísticos ou prédios comerciais. Os rendimentos (geralmente provenientes de aluguéis) são distribuídos periodicamente aos cotistas, e são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas nos rendimentos distribuídos.
Origem: Os FIIs foram criados no Brasil em 1993, pela Lei 8.668, com o objetivo de fomentar o mercado imobiliário e oferecer uma forma de investimento acessível em imóveis, sem a necessidade de comprar um imóvel inteiro.
Curiosidade e Origem dos Números: Os FIIs são identificados pelo número 11 após o código do fundo. Por exemplo, KNRI11 (Fundo de investimento imobiliário Kinea Renda Imobiliária) ou MXRF11 (Maxi Renda FII). O "11" segue a lógica de outros "pacotes" negociados em bolsa.
Fiagro (Fundo de Investimento nas Cadeias Agroindustriais): Semelhante aos FIIs, mas com foco no agronegócio. Os Fiagros investem em direitos creditórios, imóveis rurais e outros ativos relacionados à cadeia produtiva do agronegócio.
Origem: Os Fiagros são relativamente novos, criados no Brasil em 2021, com o objetivo de captar recursos para o setor agropecuário, que é de grande importância para a economia brasileira.
Curiosidade e Origem dos Números: Os Fiagros também são identificados pelo número 11 após o código do fundo. Por exemplo, BBFI11 (Fundo de Investimento Fiagro BB).
FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios): Fundos que investem em "direitos creditórios", que são dívidas que empresas ou pessoas têm a receber, como duplicatas, cheques, contratos de aluguel, entre outros. O FIDC compra esses direitos com um deságio e espera recebê-los integralmente.
Origem: Os FIDCs surgiram no Brasil em 2001, regulamentados pela CVM, como uma forma de empresas obterem liquidez antecipando seus recebíveis.
FIC (Fundo de Investimento em Cotas): É um fundo que investe em cotas de outros fundos de investimento. Permite diversificação e acesso a estratégias mais sofisticadas de gestão, sem que o investidor precise escolher cada fundo individualmente.
Fundos Multimercado: Embora não seja uma sigla específica em um ticker, o termo Fundo Multimercado é muito comum. São fundos de investimento que podem alocar seus recursos em diversas classes de ativos (renda fixa, ações, câmbio, derivativos), sem o compromisso de concentração em um único fator de risco. Isso oferece grande flexibilidade ao gestor para buscar as melhores oportunidades no mercado.
Origem: Os Fundos Multimercado ganharam popularidade no Brasil a partir dos anos 2000, com a sofisticação do mercado financeiro e a busca por produtos que pudessem se adaptar a diferentes cenários econômicos. Quer saber mais? Acesse o Guia Completo para Investir em Fundos Multimercado: https://www.rumaliberdadefinanceira.com.br/fundos-multimercado-guia-completo-para-investir-e-entender-por-que-cresceram-tanto-no-brasil
🔍 Critérios de Investimento e Termos de Mercado: Olhando Além dos Números
Além das siglas de produtos, existem termos que descrevem critérios ou características de investimento, refletindo tendências e preocupações do mercado brasileiro e global.
ESG (Environmental, Social, and Governance): Sigla que se tornou um pilar importante no mercado financeiro. Refere-se a investimentos que consideram fatores ambientais (E), sociais (S) e de governança corporativa (G) na análise e seleção de empresas. Investir em ESG significa buscar companhias que demonstrem responsabilidade com o meio ambiente (sustentabilidade, emissões de carbono), com a sociedade (diversidade, direitos humanos) e que possuam boas práticas de gestão e transparência (ética, remuneração justa).
Origem: O conceito de ESG ganhou força no início dos anos 2000, impulsionado pela crescente conscientização sobre responsabilidade social corporativa e a percepção de que empresas com boas práticas ESG tendem a ser mais resilientes e rentáveis no longo prazo.
KPI (Key Performance Indicator): Indicador Chave de Desempenho. No contexto de investimentos, são métricas usadas para avaliar o desempenho de uma empresa ou de um investimento. Exemplos incluem lucro por ação (LPA), margem de lucro, dívida líquida/EBITDA, entre outros.
CAGR (Compound Annual Growth Rate): Taxa Composta de Crescimento Anual. É uma métrica que calcula a taxa média de crescimento de um investimento ao longo de um período de tempo, assumindo que os lucros são reinvestidos. É útil para suavizar a volatilidade e ver uma taxa de crescimento mais "realista" ao longo de múltiplos anos.
Análise Fundamentalista: Para entender o valor real por trás das siglas e escolher bons ativos, a Análise Fundamentalista é essencial. Ela envolve o estudo aprofundado da saúde financeira, gestão, setor e perspectivas futuras de uma empresa. É uma ferramenta chave para investir com segurança.
Quer aprender a analisar ativos? Confira o Guia Completo de Análise Fundamentalista para Iniciantes: https://www.rumaliberdadefinanceira.com.br/analise-fundamentalista-de-ativos-para-iniciantes-guia-completo-para-comecar-a-investir-com-seguranca
Moedas Digitais: Embora não sejam negociadas diretamente na bolsa de valores brasileira como ações ou ETFs tradicionais, as Moedas Digitais (ou criptomoedas) como Bitcoin e Ethereum representam uma classe de ativos emergente com grande impacto no cenário financeiro global.
Entenda essa revolução: https://www.rumaliberdadefinanceira.com.br/-moedas-digitais-uma-revolucao-financeira-global-e-seus-reflexos-no-brasil
🏛️ Regulamentação e Entidades do Mercado: Os Guardiões da Estabilidade Financeira
Por fim, é importante conhecer as entidades que regulam e operam o mercado financeiro brasileiro, garantindo sua segurança e bom funcionamento.
CVM (Comissão de Valores Mobiliários): É o órgão regulador do mercado de capitais brasileiro, responsável por fiscalizar, normatizar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil. É ela que define as regras para IPOs, fundos de investimento e garante a proteção do investidor.
Origem: A CVM foi criada em 1976, com a Lei 6.385, para estruturar e regular o mercado de capitais brasileiro, que estava em fase de expansão.
B3 (Brasil, Bolsa, Balcão): É a bolsa de valores oficial do Brasil, resultado da fusão entre a BM&FBOVESPA e a Cetip. É onde são negociadas ações, ETFs, FIIs, títulos públicos, derivativos, entre outros. A B3 é uma das maiores bolsas de valores do mundo em valor de mercado.
Origem: A B3, como a conhecemos hoje, foi formada em 2017 a partir da fusão da BM&FBOVESPA (que já era a fusão da Bolsa de Valores de São Paulo - Bovespa - com a Bolsa de Mercadorias e Futuros - BM&F) e da Cetip (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos).
SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia): É a taxa básica de juros da economia brasileira, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Ela serve de referência para todas as outras taxas de juros do país, influenciando diretamente investimentos de renda fixa e o custo do crédito.
Origem: O Sistema Selic foi criado em 1979 para processar as operações de títulos públicos, e a taxa Selic se tornou a principal ferramenta de política monetária do Banco Central do Brasil para controlar a inflação.
CDI (Certificado de Depósito Interbancário): É uma taxa de juros que os bancos cobram uns dos outros em operações de empréstimo de curtíssimo prazo. É amplamente utilizada como benchmark (referência) para o rendimento de diversas aplicações financeiras de renda fixa, como CDBs, LCIs e LCAs.
Origem: O CDI surgiu como um instrumento para que os bancos pudessem ajustar suas reservas bancárias de um dia para o outro. Sua taxa se tornou um dos indicadores mais importantes do mercado de renda fixa no Brasil.
✨ Conclusão: Invista com Conhecimento, Não Apenas com Siglas!
Esperamos que este guia completo tenha não apenas desmistificado o universo das siglas do mercado financeiro, mas também fornecido um entendimento aprofundado sobre suas origens, propósitos e a lógica por trás dos números nos códigos dos ativos.
Lembre-se: cada uma dessas abreviações representa um conceito importante que pode impactar seus investimentos. Entender seus significados é essencial para tomar decisões mais informadas, construir uma carteira diversificada e alcançar seus objetivos financeiros no Brasil.
Não se intimide pelas siglas. Com conhecimento e pesquisa, você estará mais preparado para navegar pelo mercado e aproveitar as oportunidades que ele oferece. O mercado financeiro é dinâmico, mas com as ferramentas certas, você pode transformá-lo em um grande aliado para sua liberdade financeira.
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Qual destas siglas você achou mais interessante? Ou há alguma outra que você gostaria de entender melhor para investir no mercado brasileiro? Compartilhe suas dúvidas nos comentários!